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Crossroads – O que é a Encruzilhada do Diabo na Rota do Blues
- Créditos/Foto:Paulo Basso Jr.
- 13/Janeiro/2025
- Paulo Basso Jr.
A Crossroads, situada no cruzamento das estradas 61 e 49, em Clarksdale, Mississipi, é um dos destinos mais icônicos da Rota do Blues, o famoso trajeto musical que conecta Nashville, no Tennessee, a New Orleans, na Louisiana, EUA.
Para os fãs do blues e curiosos pela história da música em geral, este local é muito mais que um simples entroncamento: é o epicentro de uma das maiores lendas da música — o suposto pacto de Robert Johnson com o diabo.
Quando tive o prazer de cruzar toda a Rota do Blues, em relato que você pode ver aqui, passei por lá para entender um pouquinho mais dessa história repleta de mitos e cuja conexão se estende a diversos outros ídoles da música, como Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse. Bora conferir melhor tudo isso?
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Rota do Blues e Crossroads
A Rota do Blues é uma roadtrip essencial para quem deseja explorar as raízes de um dos estilos musicais mais influentes do mundo. Passando por cidades como Memphis, Clarksdale e Indianola, onde fica o incrível Museu do B.B. King, ela revela o rico passado cultural do Delta do Mississipi, região onde nasceram artistas lendários como Muddy Waters, Howlin’ Wolf e Robert Johnson.
No coração da rota, a Crossroads ganhou notoriedade como o ponto onde, segundo a lenda, Robert Johnson teria trocado sua alma por um talento incomparável no violão. A sinalização no local, com guitarras azuis cruzadas, celebra essa história e atrai visitantes de todas as partes do mundo.
Eu fiu um deles e, confesso, cheguei lá com o pé atrás. Depois, porém, vi que tudo é levado meio que na brincadeira, o que torna a visita ainda mais divertida. Para curtir esse clima, no entanto, é preciso voltar um pouco no tempo e entender quem foi Robert Johnson.
Quem foi Robert Johnson?
Robert Johnson nasceu em 1911, no Mississipi, e é reconhecido como um dos maiores nomes do blues. Apesar de ter uma carreira extremamente breve, uma vez que gravou apenas 29 músicas e morreu aos 27 anos, ele influenciou profundamente músicos como Eric Clapton, Keith Richards e Bob Dylan, tornando-se uma lenda que ultrapassou as barreiras do tempo.
O que torna sua história ainda mais fascinante é o mistério que a cerca. De acordo com relatos, Johnson era inicialmente um músico mediano. Após desaparecer por alguns meses, porém, ele retornou com uma habilidade impressionante no violão, capaz de deixar seus contemporâneos boquiabertos.
Esse progresso extraordinário alimentou a lenda de que Johnson teria feito um pacto com o diabo na Crossroads. Suas letras, frequentemente repletas de temas sombrios e referências ao inferno, reforçaram ainda mais essa ideia. De quebra, dizem que Johnson era um cara soturno, que costumava se apresentar de costas para o público e repleto de manias.
O encontro com o diabo na Crossroads
De acordo com a lenda, Johnson teria levado seu violão à encruzilhada das estradas 61 e 49, em Clarksdale, durante a noite. Lá, um homem misterioso, supostamente o diabo, afinou seu instrumento e concedeu-lhe o dom de tocar como ninguém mais poderia. Em troca, Johnson teria vendido sua alma.
Embora a história seja provavelmente fruto de brincadeiras entre amigos e do imaginário popular, ela contribuiu para o status mítico do artista. E hoje, levar milhares de forasteiros à remota Crossroads da Rota do Blues.
Clube dos 27
Robert Johnson morreu em 1938, aos 27 anos, em circunstâncias misteriosas. A versão mais aceita é que ele foi envenenado pelo marido ciumento de uma mulher com quem se envolveu, que era dono de um bar. Sua morte precoce deu início ao famoso “Clube dos 27”, que reúne artistas como Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse, todos falecidos com essa idade.
Se é verdade eu não sei, mas muita gente diz que esse clube sinistro existe e perdura até hoje justamente porque Johnson teria “traído” o diabo ao gravar mais músicas do que o prometido. Será?
Um restaurante com alma
Quem vai a Crossroads não pode deixar de passar, bem ao lado dela, no o Abe’s Bar-B-Q, mais uma parada obrigatória na Rota do Blues. Fundado em 1924, o restaurante é um dos mais antigos do Delta do Mississipi e é famoso por seu churrasco no estilo sulista.
Diz a lenda que, antes de suposto pacto com o diabo, Robert Johnson parou no Abe’s para comer um sanduíche. Outro mito local sugere que Abe Davis, fundador do restaurante, teria “vendido sua alma para Jesus” e, com isso, criado receitas que conquistaram o coração e o paladar de gerações.
O cardápio do Abe’s Bar-B-Q é uma celebração da culinária sulista. Entre os destaques estão o brisket, o pulled pork e os famosos tamales, além de acompanhamentos típicos como coleslaw e feijão assado. Com preços acessíveis e um ambiente acolhedor, o Abe’s oferece uma experiência autêntica para quem deseja saborear a cultura do Mississipi. E o melhor de tudo é que nem é preciso vender a alma para o diabo para aproveitar tudo isso.
