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Abu Dhabi: o mais rico, rápido e poderoso entre os emirados
- Créditos/Foto:Paulo Basso Jr.
- 19/Fevereiro/2018
- Paulo Basso Jr.
Por traz dos óculos de proteção de uso obrigatório é possível sentir a tensão no ar em Abu Dhabi, que só aumenta quando a luz vermelha se acende. Segundos depois, ao sinal verde, o carrinho arranca de zero a 240 km/h em 4,8 segundos fazendo todo mundo grudar na cadeira enquanto o vento seco do deserto canta alto ao pé do ouvido.
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Cartão-postal de Abu Dhabi, a Formula Rossa, montanha-russa mais rápida do mundo, localizada no parque temático Ferrari World, simboliza bem a história do emirado, cujo crescimento econômico e turístico evoluiu de forma assustadora nas últimas décadas.
Abu Dhabi: onde fica
Maior entre as sete regiões que formam os Emirados Árabes Unidos (EAU) e capital do país, Abu Dhabi fica no Oriente Médio e esbanja tanta riqueza que chegou a dar uma mãozinha para Dubai, sua vizinha famosa, quando a crise econômica mundial do início dos anos 2000 provocou sérios transtornos ao turismo local.
Curiosamente, até a segunda metade do século passado, Abu Dhabi não passava de um cantinho tomado pelo deserto e quase esquecido no Oriente Médio, onde um punhado de beduínos vivia em condição simplória. Foi aí que o ouro negro jorrou e o xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan, com os cofres de seu suntuoso palácio abarrotados por petrodólares, transformou o lugar em um cidade organizada, futurista e efervescente.
Abu Dhabi ou Dubai?
Embora reúna menos atrativos turísticos do que Dubai, Abu Dhabi merece muito mais do que um bate-volta a partir da vizinha. Trata-se de um destino para passar entre três e, quem sabe, 1.001 noites, sobretudo para quem tem dinheiro para gastar.
Já Dubai merece um roteiro ainda mais completo, de pelo menos quatro dias.
Abu Dhabi: pontos de interesse
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A Grande Mesquita
No topo da lista do que fazer em Abu Dhabi está a Sheikh Zayed Grand Mosque, uma das maiores e mais imponentes mesquitas do mundo. Aberto à visitação de não mulçumanos, que devem apenas respeitar regras como evitar roupas apertadas e ter pernas, ombros, braços e cabeças cobertas (no caso das mulheres) e o uso de calças por parte dos homens, o templo tem capacidade para 40 mil pessoas.
Construído entre 1996 e 2007, é adornado com mosaicos de mármore e detalhes em ouro que representam trechos do alcorão ou enfeitam algumas de suas 1.048 colunas, 82 domos e quatro minaretes de quase 110 metros de altura que, à noite, ao serem iluminados, ficam ainda mais imponentes.
Depois de passar pelos jardins e pelo enorme pátio externo, é preciso tirar os sapatos para entrar no salão principal da mesquita, abençoado pelo ar-condicionado que traz um enorme alívio diante do clima quente e úmido que toma conta do lado de fora – no inverno local, a temperatura gira em torno de 20ºC, mas no verão ela beira os 50ºC.
Na área de orações, em pé sobre o maior tapete em peça única do mundo, confeccionado por 1.200 artesãs iranianas durante um ano, é possível admirar um painel que expõe os 99 nomes de Alá, relógios de ouro e madrepérola com os horários das orações obrigatórias e um lustre com 10 metros de diâmetro e 12 toneladas coberto com ouro, cristais Swarovski e vidros de Murano (Itália).
Dizem que o xeique Zayed investiu US$ 1,5 bilhão na construção do templo. Infelizmente, porém, não teve tempo de vê-lo finalizado, pois morreu dois anos antes da inauguração. O corpo dele está sepultado em uma câmara nos jardins do complexo, diante da qual trechos do Alcorão são recitados 24 horas por dia.
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Praia pública de Abu Dhabi
Zayed é venerado em Abu Dhabi, tal qual seu filho Khalifa (atual mandatário do EAU) e o príncipe Muhammed. As fotos dos três líderes aparecem em muitos dos grandes hotéis e edifícios da cidade, mesmo os mais modernos, erguidos no entorno da região de Corniche, onde fica a praia pública do emirado.
Ali, há um agradável calçadão, um dos únicos trechos onde dá para bater perna em Abu Dhabi. Não por falta de segurança, que fica bem claro, já que a criminalidade é quase zero por lá, mas porque toda a cidade foi projetada para o uso de carros, com avenidas largas e quarteirões extensos. Também, com o litro da gasolina custando R$ 1,50, fica mais fácil sair dirigindo por aí.
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Centro de Abu Dhabi: Etihad Towers
No centro da cidade, há diversos prédios com design arrojado, como os cinco que compõem as Eithad Towers. Um deles abriga o luxuoso hotel Jumeirah, palco do Ray’s Bar, no 62º andar, de onde se tem uma bela vista da cidade avançando sobre o Golfo Pérsico.
Não hóspedes podem entrar numa boa por lá e mandar ver nas fotos. Outro espigão que chama a atenção é o Capital GateTower, que, com uma inclinação de 18º, faz inveja à Torre de Pisa por ser o prédio mais tombado do mundo – e de propósito.
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Emirates Palace de Abu Dhabi
Na urbe ocidental que toma conta da região, quem chama a atenção é uma edificação com ares clássicos. Trata-se do Emirates Palace, hotel que só não tem mais do que cinco estrelas porque as leis de Abu Dhabi não permitem.
Construído para ser o símbolo do país – tal qual o Burj Al Arab, aquele edifício que lembra um barco á vela em Dubai –, o empreendimento tem ouro no teto, na louça com as quais se serve chás da arte de estilo britânico e, acredite, até mesmo em um caixa eletrônico.
É o único do tipo no mundo: você insere o cartão de crédito e, na hora, saca reluzentes barras douradas. Ou pelo menos sonha com isso.
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Onde fazer compras em Abu Dhabi: souks
A sorte é que, em Abu Dhabi, não faltam lugares para você gastar suas barras de ouro, ou melhor, seus dirhams – moeda árabe que tem cotação semelhante ao real – comprados na casa de câmbio. Ao contrário de outros destinos do Oriente Médio, o emirado emprestou uma cara ocidental aos seus souks, como são conhecidas as áreas comerciais na região.
Mesmo os que vendem temperos e antiguidades, como o Central Souk, têm ambientes modernos e lembram shoppings tradicionais.
O mais luxuoso deles é o Souk Qaryat Al Beri, que faz parte do complexo do belíssimo hotel Shangri-La. Com ares venezianos, o mercado é o melhor lugar da cidade para comprar perfumes, roupas e pashiminas. Ali, durante a noite, é curioso observar o vaivém das nativas cobertas por burcas, mas que, ao caminhar, revelam sapatos de saltos altíssimos, boa parte deles autênticos Christian Louboutin.
Elas transitam sem maiores problemas ao lado de estrangeiros vestidos com ternos, saias e calças jeans, deixando claro que Abu Dhabi tem regras rígidas, sim senhor, porém mente aberta. Não à toa, é um dos lugares mais pacíficos das redondezas e cuja cultura ocidental é aceita sem grandes impasses, sobretudo nos hotéis.
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Al Mina Fruit & Vegetable Souk
Localizado na região central, este mercado não é bonito, tampouco organizado como os centros de compras turísticos de Abu Dhabi. Entretanto, é ali que sem encontram as frutas mais bonitas e as melhores tâmaras, damascos e chocolates da região.
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Yas Mall: o melhor shopping de Abu Dhabi
De volta às compras, separe um tempo para conhecer o Yas Mall, inaugurado no fim de 2014 e que lembra os maiores shoppings de Miami (EUA), com lojas da Adidas, Victoria’s Secret e Michael Kors, entre outras. Só não passe o dia todo por lá, pois legal mesmo é aproveita a visita à Yas Island, onde fica o complexo, para conhecer a verdadeira ilha da fantasia do Golfo Pérsico.
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Ferrari World de Abu Dhabi
A Yas Island é uma ilha artificial projetada pura e simplesmente para o lazer. Ali só existem hotéis e opções de entretenimento, como o Ferrari World. Maior parque temático indoor do mundo, o complexo da montadora italiana tem duas montanhas-russas – nós encaramos a mais rápida do mundo, a Fórmula Rossa – e alguns cinemas interativos, mas não chega a surpreender pela quantidade de atrações.
O mais divertido por lá é curtir a exposição de carros com o Cavalinho Rampante estampado na dianteira, sejam eles de passeio ou campeões de Fórmula 1.
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Yas Waterworld: o parque aquático de Abu Dhabi
Para quem viaja com crianças, uma boa opção é mesclar o dia com uma visita ao Yas Waterworld parque aquático que não faz feio aos de Orlando (EUA) e tem atrações exclusivas, como toboáguas com looping e montanhas-russas aquáticas. No verão, é um dos melhores lugares para estar em Abu Dhabi.
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Yas Marina Experience: como pilotar carros no circuito de F1
Agora, se o seu negócio é mesmo velocidade, invista na experiência de pilotar um carro de Fórmula 3000 ou modelos Aston Martin GT4 4.7 V8 no Yas Marina Circuit, um dos autódromos mais bonitos do mundo e que, ao fazer parte do calendário da Fórmula 1, expôs Abu Dhabi aos olhos do planeta. A experiência, que dura cerca de 30 minutos, não é barata: custa cerca de R$ 1.250, mas é inesquecível. E outra? Vai saber quando você voltará a Abu Dhabi.
Inclusive, se for para ter um dia de xeique para valer, aproveite para fechá-lo com um jantar no Cipriani, filial do famoso restaurante de Veneza (Itália).
Reserve uma mesa do lado de fora para apreciar o Yas Viceroy iluminado, único hotel do mundo erguido em uma pista de corrida e um dos mais sofisticados do emirado. Além das assinaturas italianas, deliciosos pratos japoneses fazem parte do menu.
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Safári no deserto
Em Land Cruisers 4×4, você é conduzido pelas areias em meio a manobras radicais e altas arrancadas. No fim do dia, após a visita a uma fazenda de dromedários, um jantar é servido em um acampando beduíno, com direito a pratos típicos, apresentação de dança do ventre e áreas para fumar narguilé e fazer tatuagens de henna.
A diferença em relação a Dubai é que, em Abu Dhabi, poucas agências oferecem o serviço, o que o torna mais privativo. Com sorte, só haverá o seu carro e outro de apoio cortando as dunas do pedaço.
Entre as operadoras que organizam esse tipo de roteiro está a Hala Abu Dhabi, que promove também um city tour de meio dia em carros particulares, no qual se conhece diversas atrações locais.
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Ilha dos museus
Fazer ilhas voltadas para o lazer é uma das especialidades do Abu Dhabi. Atualmente, as atenções estão voltadas para a Saadiyat Island. É ali que foi inaugurado no final de 2017 o Louvre, que abriga obras não só do homônimo parisiense, mas também dos franceses Pompidou e D’Orsay. A prioridade, porém, será promover os artistas regionais em meio aos pátios naturalmente iluminados com raios de sol.
Até 2020 será a vez do Guggenheim abrir as portas. O prédio, projetado por Frank Gehry, o mesmo que desenhou a famosa filial de Bilbao (Espanha), será 12 vezes maior do que o Guggenheim de Nova York. Quem fará companhia a eles é o Zayed National Museum, que ficará no centro da ilha e terá acervo dedicado à cultura árabe.
Um resort da rede St. Regis, que já está aberto, um shopping e um centro cultural com uma moderna ópera completam o projeto da Saadiyat Island.
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Cruzeiro pelo Golfo Pérsico
Às sextas e sábados, um catamarã parte da marina do hotel InterContinental, próximo às Etihad Towers, rumo à ilha de Hijab, eleita pelos leitores do site TripAdivsor como um dos lugares que é preciso visitar antes de morrer.
O cruzeiro, que custa cerca de R$ 400 por pessoa, dura quatro horas e pode ser adquirido pela Hala Abu Dhabi. Inclui uma parada de duas horas na praia para relaxar nas águas azuis que o fazem crer estar no Caribe.
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Heritage Village
Esta vila foi construída para manter viva a tradição dos beduínos que viviam na região antes do advento dos petrodólares. Lá, é possível ver como funcionavam as antigas moradias, ir a um museu com roupas e objetos de uso doméstico e comprar pashiminas e suvenires em um pequeno souk.
Obs: Reportagem adaptada de original publicada na revista Viaje Mais Luxo, parceira do Rota de Férias.