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Empresa de cruzeiros vence batalha contra Flórida sobre exigência da vacina
- Créditos/Foto:Divulgação
- 10/Agosto/2021
- Paulo Basso Jr.
Uma juíza federal dos Estados Unidos garantiu à Norwegian Cruise Line (NCL), uma das maiores empresas de cruzeiros do mundo, o direito de exigir que os passageiros apresentem prova de vacinação ao embarcar em seus navios na Flórida. A decisão é uma derrota política para o governador do estado Ron DeSantis, republicano que, há poucas semanas, aprovou uma lei impedindo que qualquer companhia ou comércio da região requeresse dos clientes algum tipo de certificado de imunização.
“Acreditamos que, neste momento, fazer cruzeiros com toda a tripulação e todos os passageiros 100% vacinados é a maneira mais segura e responsável de realizar uma viagem”, afirma Frank Del Rio, presidente e CEO da NCL.
De acordo com a decisão emitida pela juíza Kathleen Williams, os cruzeiros representam um risco considerável de transmissão do novo coronavírus, o que pode se agravar diante da disseminação descontrolada da variante Delta, que vem provocando o aumento de casos de covid-19 nos EUA. Dessa maneira, se tivesse de desviar rotas emergencialmente ou cancelar suas saídas a partir da Flórida, a NCL teria grandes prejuízos financeiros.
“Enquanto a companhia marítima apresentou provas contundentes de que é muito mais seguro para todos restringir as viagens de navio apenas a pessoas totalmente vacinadas neste momento, a Flórida não demonstrou qualquer indício de que essa exigência traria problemas para o estado”, escreveu Kathleen.
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Por meio de um comunicado oficial, DeSantis afirmou que pretende recorrer da decisão, publicada em caráter preliminar. “Discordamos do raciocínio da juíza e vamos apelar. A proibição de passaportes de vacina previne a discriminação entre clientes com base em informações privadas de saúde”, diz o texto.
Até que haja um julgamento final, a NCL poderá solicitar a prova da vacinação para todos os passageiros. O primeiro cruzeiro da companhia com saída marcada para a Flórida nesta temporada está previsto para 15 de agosto, em Miami.
A batalha judicial entre a NCL e a Flórida vem sendo travada no momento em que os casos de covid-19 não param de crescer no estado. De acordo com o jornal “The New York Times”, houve um aumento de 84% do último mês em comparação ao anterior, o que gerou o dobro de hospitalizações. Dentro desse contexto, a região é, atualmente, a segunda mais perigosa dos EUA, atrás apenas da Louisiana.
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NCL X Flórida: entenda o caso
Após recomendar a paralisação dos cruzeiros em março de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus eclodiu nos EUA, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país liberou a volta das viagens turísticas de navio em julho de 2021. Para isso, foi solicitado às companhias operar com 98% da tripulação e 95% dos passageiros totalmente vacinados – evitou-se estipular 100% por conta das pessoas que clinicamente não podem se imunizar ou ainda não têm acesso a doses, como crianças pequenas.
A notícia foi recebida com entusiasmo pelas companhias marítimas que, na maioria dos casos, optou por seguir as recomendações do CDC. A NCL foi além e decidiu que, até 31 de outubro de 2021, permitiria apenas a navegação de pessoas totalmente vacinadas.
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“Assim, enquanto todos nós aprendemos com a retomada das viagens de navio e nos preparamos adequadamente para o futuro, nossos cruzeiros podem ser vistos como o destino de férias mais seguro do mundo”, disse à época Del Rio, CEO da companhia.
No entanto, a lei criada por DeSantis para impedir que as empresas exijam prova de vacinação no estado, que entrou em vigor em 1º de julho, jogou um banho de água fria nas pretensões das companhias marítimas. De uma hora para outra, o “lugar mais seguro do mundo” passou a ser visto como um ambiente de alto risco. Consequentemente, várias reservas foram canceladas.
Capital mundial dos cruzeiros
A NCL, entre outras armadoras, cogitou levar seus navios para outros destinos americanos, como o Texas. Ocorre, porém, que a Flórida é uma espécie de capital mundial dos cruzeiros. Aproximadamente 60% das saídas nos EUA partem do estado, uma vez que as rotas rumo ao Caribe são as mais desejadas pelos viajantes.
Não à toa, em 2019, antes da pandemia, o mercado de navegação turística na região movimentou cerca de US$ 9 bilhões e gerou aproximadamente 155 mil empregos. Os dados são do relatório econômico anual divulgado pela Cruise Lines International Association (CLIA).
Por conta disso, antes da decisão da juíza Kathleen favorável à exigência da prova de vacinação, divulgada em 8 de agosto, algumas armadoras optaram por realizar cruzeiros partindo da Flórida, no último mês, com a presença de não vacinados a bordo. Para minimizar o risco, a Royal Caribbean, por exemplo, estava entregando pulseiras para identificar os passageiros totalmente imunizados, que tinham acesso a todas as atrações de seus navios.
Quem não apresentasse o certificado, por sua vez, precisava assinar um documento concordando com uma série de restrições de uso de espaços públicos dentro dos transatlânticos, entre eles piscinas, spa, academia e até mesmo restaurantes e shows. Horários específicos e limitados vinham sendo oferecidos nesse caso. Fora isso, a empresa estava exigindo a esse grupo de viajantes um seguro de viagem específico que cobrisse casos de covid-19.
É seguro viajar de navio agora?
Enquanto aguardava pela decisão judicial na Flórida, a NCL organizou seu primeiro cruzeiro nos EUA desde a liberação por parte do CDC. O navio Norwegian Encore, um dos mais modernos da companhia, partiu de Seattle (Washington), em 7 de agosto, para uma viagem de sete dias rumo ao Alasca.
Apenas tripulantes e passageiros 100% vacinados subiram a bordo. Além disso, todos tiveram de fazer teste de covid-19, o que gerou filas de até duas horas antes do embarque (os tripulantes, por sua vez, foram testados sistematicamente no último mês e, segundo a armadora, apenas um apresentou resultado positivo, sendo imediatamente afastado). Capacidade de ocupação reduzida para 60% do permitido, instalação de equipamentos hospitalares, sanitização rígida e plano de isolamento em caso de identificação de sintomas foram outras medidas anunciadas pela companhia.
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“Não dá para garantir segurança total em nenhum local neste momento, mas esse é, sem dúvida, o melhor caminho de oferecer o máximo de tranquilidade possível para os passageiros de um navio”, afirmou o médico Scott Gottlieb, ex-comissário do Food and Drug Administration (FDA) e atual presidente do Conselho de Saúde e Bem-Estar da NCL, durante coletiva de imprensa organizada antes da partida do Norwegian Encore.
Temporada de cruzeiros no Brasil
Até o momento, seis navios estão confirmados na temporada 2021/2022 de cruzeiros no Brasil. São quatro da MSC e dois da Costa Cruzeiros. Há ainda dois da Regent Seven Seas Cruises (que faz parte do grupo Norwegian Cruise Line Holding) que partirão do Rio de Janeiro com destinos finais programados em outros países. Os protocolos de segurança a bordo ainda estão sendo discutidos entre as autoridades, mas a expectativa é que testes de covid-19 sejam feitos antes do embarque, temperaturas sejam checadas, medidas de higienização e ventilação sejam aprimoradas e haja plano de isolamento de passageiros em caso de contaminação e remoção para hospitais.